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Geopolítica e Política

Lusa - Lusística - Mundial

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Sobrevivência

Sobrevive o mais forte ou o que mais rapidamente se adapta à mudança?

21.07.23 | Duarte Pacheco Pereira

Acasalamento de mamutes

Como era a anatomia de um mamute?

 

Os mamutes sobreviveram?

Não.

Os humanos sobreviveram?

Sim.

Porquê?

Porque, ao contrário do que muitos pensam, não sobrevivem os mais fortes, sobrevivem os que mais rapidamente se adaptam à mudança.

Os humanos sobreviveram porque se adaptaram com suficiente rapidez ao fim da última Era do Gelo.

Os mamutes não sobreviveram porque não se adaptaram com suficiente rapidez ao fim da última Era do Gelo.

Note-se, e é importante, que os mamutes só se podiam adaptar à mudança carnalmente (geneticamente), um processo que demora milhares, centenas de milhares, ou milhões, de anos, enquanto que os humanos se podiam, e podem, adaptar à mudança tanto carnalmente (geneticamente, tal qual os mamutes), como espiritualmente (memeticamente), um processo que demora, dezenas, centenas, milhares de anos.

Significa isto que no actual contexto de mudança —politico-militar, económico-financeiro e sócio-cultural— deverão sobreviver os grupos humanos que rapidamente se adaptarem à mudança em curso, não os actualmente mais fortes, menos ainda os que se recusam a reconhecer a existência da mudança e, reaccionariamente, se esforçam, desesperadamente, por regressar ao passado.

 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 

O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 

E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía. 

Luís Vaz de Camões, in “Sonetos”

 

 

 

 

 

 

 

FIM

 

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