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Geopolítica e Política

Lusa - Lusística - Mundial

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A Guerra do Ultramar

28.07.21 | Álvaro Aragão Athayde

Portugal não é um país pequeno

“PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO”
Mapa de Propaganda Colonial da autoria do Capitão Henrique Galvão,
Nacional Sindicalista e Germanófilo, tal como o foi o General Humberto Delgado.

 

Pergunta

A Guerra do Ultramar se não fosse o 25 de abril poderia ser vencida? Ou se os portuguesas agissem no começo com mais intensidade e vigor, seria possível vencer ou seria atrasar o inevitável?

 

Resposta

Em que consiste “vencer”, “ganhar”, uma guerra?

Bombardear e invadir um país e retirar com o rabo entre as pernas como os Estados Unidos no Vietname e no Afeganistão?

A Guerra do Ultramar foi vencida, ganha.

O 25 de Abril foi uma Revolução Colorida, uma Operação de Mudança de Regime do tipo Sharp-Soros-CIA, como o foi o Maio de ’68 em França, antes, a Revolução Ucraniana de 2014, depois, e a recente tentativa de Revolução Bielorrussa.

Essas operações de mudança de regime só têm êxito quando o governo a ser derrubado não resiste, que foi o que aconteceu com o Governo de Marcelo Caetano em Portugal e o de Víktor Yanukóvytch na Ucrânia, mas não com o de Charles de Gaulle em França e o de Aleksandr Lukashenko na Bielorrússia.

Qual era o objectivo estratégico dos EUA?

Apossarem-se do Ultramar Português, particularmente de Angola.

Qual era o objectivo estratégico dos que em Portugal colaboraram na Operação de Mudança de Regime promovida pelos EUA.

Criar um “Portugaláfrica” do tipo da “Françafrique” que a França criou, isto é, transformar as Províncias Ultramarinas Portuguesas, que tinham estatuto de Território Nacional tal como Portugal Continental o tinha, em neocolónias do dito Portugal Continental.

Qual era o objectivo estratégico de Portugal?

Manter o Ultramar Português na órbita de Portugal.

É hoje evidente que o Ultramar Português continua na órbita de Portugal, que o tal “Portugaláfrica” neocolonial não foi criado e que os EUA não se conseguiram apossar-se do Ultramar Português, particularmente de Angola.

Portanto o objectivo estratégico de Portugal foi alcançado e os objectivos estratégicos dos EUA e dos que em Portugal colaboraram na Operação de Mudança de Regime promovida pelos EUA (o 25 de Abril) não foram alcançados.

Logo Portugal venceu, ganhou, a Guerra do Ultramar.

Curiosamente venceu-a, ganhou-a, tal como venceu, ganhou, a Guerra da Luz Divina no século XVII, foram os Filhos da Terra que a venceram, a ganharam, não os Filhos do Reino, os Reinóis.

P.S. É a segunda vez na sua história que Portugal tem uma derrota tática que acaba por revelar-se uma vitória estratégica. A primeira vez foi em Alcácer Quibir: a batalha foi perdida e Dom Sebastião morto (derrota tática): a Sublime Porta, o Império Otomano, não tomou Marrocos e não chegou ao Mar Oceano (vitória estratégica).

A esta pergunta foram dadas mais respostas, ver aqui.

 

 

 

 

 

 

FIM

 

O Mal Ocidental

21.07.21 | Duarte Pacheco Pereira

O Mal Ocidental

 

As elites ocidentais estão a apressar a decadência dos EUA, Europa, Austrália, Nova Zelândia.

Por quê?

Erros estratégicos sucessivos, resultaram em enorme prejuízo dos EUA (um fraco líder do processo, até porque desconhecem tudo sobre história e geografia mundiais), das nações europeias submissas e suas colónias.

Vamos recapitular:

1º - A deslocalização da indústria produtiva para lugares de mão de obra (então) barata. Isto não teve início na era Reagan/Thatcher mas massificou-se a partir daí.

2º - A assumpção de que os asiáticos trabalhariam para sempre “por uma malga de arroz” em vez de aprenderem “como se faz”, e começarem a fazer, eles mesmos, na maioria dos casos até melhor.

3º - A crença infantil que um país Imperial podia “policiar o mundo”, com ou sem ONU, com ou sem aliados, caso as coisas corressem mal.

Tudo isso deu com a água nos burros (os burros são as elites) e de repente essa gente medíocre, sem qualquer visão política (para não falar na geo-estratégia) percebeu que:

1º - Não é possível desmontar as fábricas montadas na Ásia e levá-las de volta a casa. E mesmo que isso se fizesse, seria tarde demais: os países de onde elas sairiam já têm tecnologia para montarem as suas e têm-no feito. Além disso, essas sociedades possuem um mercado mais vasto (em número de consumidores) que EUA, Europa, Austrália e Nova Zelândia somados.

2º - A classe média chinesa já ultrapassa em número a dos EUA e Europa somados. Empresa “moderna” que não venda aí está muito limitada. Além disso, o poder de compra dos chineses aumenta enquanto nos EUA e Europa a classe média desaparece, sugada pela ganância dos menos de 1% de hiper-mega-ricos.

2º - Bombardear e invadir países pobres não assegura sequer o domínio desses territórios. Os EUA/NATO acabam de retirar do Afeganistão, sem honra nem glória. Uma tribo de pastores, sem aviões, sem mísseis sofisticados e sem infra-estruturas escorraçou-os, numa guerrilha de desgaste permanente. Como então enfrentariam os gloriosos exércitos da NATO inimigos bem organizados e detentores de armas hiper-modernas como russos e chineses?

Além dos aspectos referidos, há outra coisa nas sociedades ditas ocidentais que vem cavando fossos internos: a Teoria Crítica de Raça e também a luta das chamadas minorias sexuais, ambas estimuladas pelas elites. Entendem por quê?

Na impossibilidade de avançarem com sua agenda globalista (China Rússia e Irão são obstáculos enooorrrmeees) ou de ganharem uma nova guerra mundial, evidentemente as elites preferem que, dentro de cada país, as pessoas se atirem ao pescoço umas das outras do que responsabilizarem quem as conduziu ao desastre.

A guerra entre covideiros e cépticos (como as outras, novos contra velhos, mulheres contra homens, trabalhadores dos privados contra os da função pública) também se inscreve nesta lógica: impedir-nos de uma organização de “rolo compressor” que os esmagaria em pouco tempo, assim as pessoas entendessem quem anda realmente a ser o inimigo.

As elites são perversas mas acima de tudo são incompetentes: elas nos trouxeram a este ponto e já não sabem como sair daqui. Então, resta-lhes atirarem-nos uns contra os outros para salvarem seus miseráveis e gordos traseiros.

Por Antonio Gil, no Facebook, às 22:26 de 19 de Julho de 2021. Original e comentários aqui.

 

Dinâmica Predador-Presa

Equilíbrio Predador-Presa

 

Equilibrio Predador-Presa


Consideremos o caso das raposas e dos coelhos.

Se houver muita erva há muitos coelhos, havendo muitos coelhos há muitas raposas, o que reduz o número de coelhos, o que reduz a quantidade de erva comida, o que evita que a terra fique despida, o que evita que a chuva a leve no próximo inverno.

Suponhamos agora que uma insaciável tribo de raposas come os coelhos todos, que acaba com os coelhos.

Não havendo mais coelhos… as raposas morrem… de fome!

Os coelhos não têm hipótese mas os homens têm.

Os homens têm porque há homens-predadores e homens-presas, tribos-de-homens-predadores e tribos-de-homens-presa, mas, ao contrário do que acontece com as raposas e com os coelhos o ser-se predador, ou o ser-se presa, não está biológica, geneticamente, determinado.

É possível um homem-presa passar a ser um homem-predador, uma tribo-de-homens-predadores passar a ser uma tribo-de-homens-presa, e vice-versa.

É isso que está a acontecer.

É isso que está a acontecer mas as tribos-de-homens-predadores não o estão a perceber porque estavam, e estão, profundamente convictas de que o ser-se predador, ou o ser-se presa, está tão biológica, geneticamente, determinado nos humanos como nas raposas e nos coelhos.

P.S. As equações que permitem simular a Dinâmica Predador-Presa são as Equações de Lotka-Volterra.

Comentário de Duarte Pacheco Pereira à publicação de Antonio Gil acima transcrita. Ver aqui.

 

 

 

 

 

 

FIM

 

Cuba’s Situation July 2021

14.07.21 | Álvaro Aragão Athayde

Cuba's Strategic Location

Fedirka, Allison. “Cuba Is on the Clock”. Geopolitical Futures. February 15, 2021.

 

 

What’s at Stake in Cuba’s Protests


They could well be a test the likes of which Havana has never seen.

By Allison Fedirka at Geopolitical Futures on July 14, 2021

Thousands of Cubans took to the streets across the island on July 11 to protest the economy and their living conditions, both of which went from bad to worse during the COVID-19 pandemic as tourism, foreign direct investment and remittances plummeted. It was a momentous event for a few reasons. First, they were the largest single-day protests since the communist government took power more than 60 years ago. Second, they took place in a variety of cities at roughly the same time, suggesting they were coordinated to some degree. Last, they were months in the making, having risen at least in part from opposition movements in 2020.

Equally significant is how the protests fit into Cuba’s future. Since Cuba’s economy depends on foreign patrons, economic crises bring the country’s entire geopolitical alignment into question. They draw in long-standing political rivalries both inside the island and among world powers such as the United States, Russia and China, so the government’s staying power will to some degree hinge on an outside patron’s willingness to intervene.

The Special Period

To understand the current bout of unrest, it’s instructive to look at an earlier outpouring of discontent. In the 1990s, Cuba went through what was called the Special Period, a severe economic downturn brought on by the collapse of its benefactor, the Soviet Union. From 1989 to 1993, Cuba’s economy contracted by nearly 35 percent, and the country’s fiscal deficit rose from 7.3 percent to 33.5 percent of gross domestic product. The usual tensions were made worse by flocks of Cubans leaving the island for the United States. It was a bad look for the government, so it began to detain U.S.-bound boats, leaving large crowds of Cubans marooned on the coast of Havana. The crowd eventually erupted into a protest known as the Maleconazo. Fidel Castro himself accompanied security forces to quell the unrest, and order was soon restored. Less than a week later, the government loosened restrictions on citizens’ travel, resulting in an exodus of tens of thousands.

Economic Growth in Cuba | 1989-2000 (Special Period)


The similarities between then and now are striking. In both instances, the economy was deteriorating before a seminal event (the collapse of the Soviet Union, the COVID-19 pandemic) made things worse. Both events severely disrupted trade flows and the government’s access to hard currency and thus constrained imports to the island. As a result, there were widespread shortages of basic goods and input materials for industrial activity.

Internal problems in the countries on which Cuba relies for energy (the Soviet Union and, now, Venezuela) led to sharp declines in energy supplies. Without the imported fuel and industrial materials, economic activity on the island ground to a near halt. Fuel shortages eviscerated agricultural production. In other words, the Maleconazo clearly laid out what would compel Cubans to large-scale, public unrest, and those drivers are here in spades today.

Of course, the government in Havana survived the Special Period, but things are different this time around. Castro was saved in part by increased tourism and related FDI, the emergence of Venezuela as an oil and economic patron, and a series of economic moves that eased some of the public pressure. President Miguel Diaz-Canel had known of the coming downturn and so began to make some economic reforms to salvage the economy, for example by loosening rules to create more self-employment opportunities, introducing fines over price speculations and ending foreign exchange transactions at airports. Rather than deny a problem exists, he meant to tackle it head-on, or at least as incrementally as the Cuban system can stand. Just last month Diaz-Canel acknowledged the inflow of hard currency had declined by $2.89 billion in the past two years. He also acknowledged that despite the government’s best efforts, food imports this year were not enough to satisfy demand. True to form, he also blamed the economic downturn on the U.S. blockade and other anti-Cuban measures.

In other words, many economic levers have already been pulled, and there are limits to how much more can be done without overhauling the system. Hard currency is not expected to return any time soon to the island as tourism still falters over health concerns. (In the first five months of 2021, only 88,000 tourists arrived on the island.) And the risks of FDI are higher now because every country is suffering economically because of COVID-19. (There’s also higher risk because the U.S. has said it is going to start targeting property lost by Americans in Cuba during the nationalization campaign, putting hotels, ports and other areas linked to tourism at risk of U.S. sanctions.)

Annual Visitors to Cuba


Remember November

Of course, Cuba is no stranger to economic duress, food shortages and political opposition, but it looks like it’s reaching the point where it leads to political and geopolitical responses. Participants in the July 11 events have ties to the established political opposition groups N27 and the San Isidro movement. These two groups held small-scale anti-government demonstrations back in November 2020, when the San Isidro movement staged public hunger strikes and called for the government to loosen controls and end the imprisonment of political activists. The government placated them by offering to negotiate but did not make good on its promise. Inspired by San Isidro, N27 (or November 27) was established when a second public hunger strike attracted the support of 300 participants. By the end of the month, the Cuban government agreed to enter into talks with the protesters, which ultimately led nowhere. Over the course of 2021, the movement has heavily petitioned the U.S. government for support, engaged in more hunger strikes and worked to improve relations with international groups such as the Organization of American States and the International Court of Justice.

Social media posts reveal the links between the 2020 movements and the events of July 11. Many of the hashtags and handles used to organize and promote the July 11 protests, such as #SOSCuba, #PatriaYVida, #CubaLibre, @Mov_sanisidro and @CubaDecide, tie directly back to last year’s political movements. Moreover, local media reported that Luis Manuel Otero Alcantara, a leader of the San Isidro movement, was arrested. The size, scope and simultaneous occurrence of so many protests suggest with near certainty that they were coordinated. But the larger question is whether Washington played a part in them directly or indirectly, considering it has the most to gain from them.

Locations of Protests in Cuba - 2021


Havana, meanwhile, has stuck to the script. Within hours of the protests, the government deployed security forces to each location to quell the unrest, often with force. From the night of July 11 to the morning of July 12, security forces conducted a series of raids and detained those suspected of being behind the demonstrations. Havana also shut off electricity and the internet to stem the protests, while Diaz-Canel called up former President Raul Castro for a public show of unity and denounced the United States for interfering in Cuban affairs. (At the time of publication, there’s no evidence to suggest the U.S. was directly involved, but recall that Washington has a long history of Cuban interference.)

That leaves Russia and China, two candidates that could step in and help Cuba navigate its economic crisis. Both see value in keeping close ties with Cuba, an Achilles’ heel of Washington, but know that doing so would come at a political and economic cost that they may not be willing to pay.

The United States would like nothing more than to see regime change in Cuba. After all, that has been the precondition for lifting the blockade and thus for regaining its influence there. Putting political pressure on Havana, then, would also send China and Russia a message: If you want to keep your foothold in Cuba, it’ll cost you.

 

 

 

 

 

 

END