A propósito dos insultos de Mamadou Ba ao povo português e à sua História
Mantenho gravado o choro de despedida de quem me criou e a isso, sr. Mamadou, chama-se amor. Nós, Africanos brancos, sentimos amor pelos nossos conterrâneos, mas sei que para si não é amor, é racismo.
Por Paula Helena Ferreira da Silva, Assistente Graduada de Ortopedia, Chefe de Equipa do Serv. de Urgência do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, no Observador às 00:00 de 24 de Fevereiro de 2021.
Tal como o Sr. Mamadou, nasci em África. Não me corre sangue africano nas veias, mas a alma moçambicana habita em mim.
Fui expulsa do meu país sem hipótese de escolha, sem justificação, tão somente pela cor da pele, arrancada à força da minha família, da minha casa, dos meus conterrâneos.
Fui expulsa por pessoas como o senhor e os seus comparsas do SOS Racismo.
Roubaram-me o resto da infância e da adolescência, forçada a viver em hábitos e costumes diferentes onde só a língua me unia.
Durante décadas, senti-me deslocada, fui barbaramente vítima de bullying, mandada para a minha terra vezes sem conta apenas e só por ser retornada…
A ignorância não tem limites e retornada não sou, refugiada talvez, pois a nada retornei. Nasci em África com muito orgulho e mantenho orgulho na História que me proporcionou que assim fosse.
Nasci na maravilhosa cidade de Lourenço Marques, a pérola do Índico, no fantástico continente africano, rico nas gentes e nos recursos, destruído por décadas de governos ditatoriais que o senhor tanto defende.
O senhor não sabe, mas em 1974, Moçambique era o produtor número um do mundo de algodão e cana de açúcar.
Hoje, é um dos países mais pobres do mundo!
Os retornados foram a maior lufada de ar fresco a entrar em Portugal.
Ao contrário de si, os retornados e refugiados das ex-colónias, apesar de apenas trazerem a roupa do corpo e a alma carregada de tristeza e mágoa, trouxeram também a resiliência e transformaram a mágoa em trabalho e não em ódio e raros são os que não singraram.
Nada trouxemos na bagagem a não ser memórias. Tudo foi confiscado, queimado, dizimado. Mas ao contrário de si, a quem tudo foi dado de mão beijada, não nos vitimizámos, não nos encolerizámos, apenas trabalhámos! Trabalhámos e honrámos a Terra e as gentes que nos acolheram!
Não hostilizámos, não ridicularizámos, não confrontámos os Portugueses da metrópole! Apenas trabalhámos, com a resiliência que nos caracteriza, porque ao contrário de si, as nossas feridas não estão putrefactas e não destilam ódio, antes pelo contrário, emanam tolerância e compaixão.
Ao contrário do senhor, não recebemos subsídios, não recebemos apoios, o único apoio foram e continuam a ser as doces memórias.
Memórias de países maravilhosos ao qual um dia ansiávamos voltar, de gente humilde de sorriso largo e alegria sem fim, memórias do cheiro da terra molhada, do cheiro das gentes, das cores, de vidas simples.
Mantenho gravado o dia da partida e do choro de despedida de quem me criou e amparou e a isso, senhor Mamadou, chama-se Amor. Nós, Africanos brancos, sentimos amor pelos nossos conterrâneos, mas sei que para si não é amor, é racismo.
Sim, senhor Mamadou, ainda hoje sinto amor pelos meus conterrâneos, choro por eles e pelos vis ataques que sofrem em Cabo Delgado, que curiosamente nunca o ouvi defender.
Em si só vejo ódio, intriga e difamação.
O racismo não se combate com racismo!
O ódio não se combate com ódio!
Humildade e gratidão é coisa que não lhe assiste. E trabalho Sr. Mamadou? Não será por interesse que move esse ódio? É que esse ódio dá-lhe tachos e tachinhos e trabalho? As suas mãos não parecem ter calos e o seu sobretudo de caxemira não me parece second hand.
Senhor Mamadou, o senhor pode ter instrução, mas não tem educação.
Sou de uma geração em que fui educada a respeitar o meu país, Portugal, a minha bandeira, o meu hino, as minhas gentes, os meus heróis.
Tenho orgulho em Afonso Henriques, Vasco da Gama, Luiz Vaz de Camões, Padre António Vieira, Pedro Álvares Cabral e tantos outros que escreveram a nossa História.
A História não se apaga, não se reescreve, é um legado dos nossos antepassados, goste-se ou não, é a nossa História.
Quem é o senhor para a destratar? Ou será que pertence ao grupo daqueles, que por não gostarem dos pais e avós também os apagam?
Respeito senhor Mamadou! Respeito! Em casa alheia não se diz mal do pão que é oferecido, porque, um dia, o pão pode acabar.
Marcolino Moco | Página oficial do político, jurista e escritor Marcolino Moco no Facebook | 25 de Fevereiro de 2021 às 22:00
Pousada alguma poeira, mesmo que 1001 castigos celestes imprevistos ainda se venham abater sobre a cidade, e antes que outras mil e tantas conjecturas sejam alvitradas, vou explicar, para quem ainda não o apreendeu ou mal o apreendeu, o significado da minha exoneração – com algumas encenações laterais forjadas – de um cargo que me foi pedido para aceitar, com alguma insistência. Sobretudo a forma como foi feita (a exoneração), para que ninguém fique com dúvidas, pelo menos sobre o meu entendimento sobre o assunto.
Justo há uma semana, estava eu a sentar-me para tomar a primeira colherada de sopa que Dona Julieta tão saborosamente me preparou (eu só sou “feminista” mas, desgraçadamente, não sei cozinhar, mea culpa kkkkk...), quando vejo o inacreditável no telejornal da TPA; mais ou menos assim: Presidente da República remodela CA da Sonangol; decretos: exonera tal....tal ... e tal executivos e Marcolino José Carlos Moco, não executivo; e nomeia tal..... tal ....tal, executivos e Bernarda Gonçalves Martins, não executiva. Bom, para desanuviar um pouco o ambiente, pedi à mesa para me levantar um pouco e ir avisar os gatinhos que costumam passar pelo nosso quintal, dizendo-lhes que a partir daquele momento já não iriam encontrar o comedouro tão apetrechado, por causa da nova situação que nos tinha acontecido kkkkkk......Não se zanguem com a piada ...... é da idade!
Se fui avisado? Sim fui, em certa medida. A primeira vez, aí por volta de fins do primeiro semestre do ano passado, por um alto funcionário da Sonangol – aqui importantíssimo esclarecer que não se tratou de nenhum membro do CA, dos quais guardo a lembrança de tão belas jornadas, em franca camaradagem e respeito mutuo – mas de quem não esperaria tal intermediação, para me admoestar, com todo aquele pequeno respeito, que eu deixasse de referir que estava desiludido com a governação do Presidente João Lourenço. Isso fora depois de uma entrevista dada ao “Novo Jornal”, em que o jornalista tinha "ajindungado" um pouco o título. E eu respondi, também muito delicadamente, que a crítica não era dirigida contra a governação, no sentido tão estrito, mas sim ao sistema geral de condução política que afinal o novo Presidente parecia não querer alterar. E dei exemplos com os quais o intempestivo fulano pareceu concordar. O segundo aviso saiu aquando daquele post em que falei do “regresso aos métodos autoritários”. Aqui a coisa foi já um pouco mais sinistra, porque veio de uma mensagem privada em FB, “assinada” por um, certamente heterónimo, que depois se retirou. Este que perguntava se apesar de toda a dinheirama e mordomias eu ainda não me sentia acomodado. Curioso recordar que uns dias antes tinham sido atribuidos, especificamente aos aos adminitradores não executivos da Sonangol, salários muito bem longe da realidade, por fofocas dentro e fora das “redes”. Tudo isso depois do kazumbi me lembrar que eu também já tinha sido “isso, isso e mais aquilo”, no tal passado tão longíquo em que, para mim, os problemas eram tão diferentes e já (bem ou mal) ultrapassados. Ainda tive tempo tempo de lhe explicar as minhas posições com uma delicadeza que ele agradeceu. Porém, apesar de eu lhe ter garantido que não aceitei o lugar por linkage à possível prisão de língua, insistiu a perguntar: mas o camarada Moco não acha que está tão bem acomodado? Já não lhe dei mais qualquer tipo de resposta.
Bom, aquilo de que estamos a faler agora, coincidência ou não, acontece depois dos meus últimos dois posts aqui, sobre posisões supostamente do BP do CC do MPLA e orientação de certos programas da nossa TV pública, criticadas por vários outros camaradas da chamada “família MPLA”, que por certo não têm nem esperam por cargos tão suculentos, enquanto persiste este clima de intimidação cada vez (mais ou menos?) sofisticado. No que me diz respeito, aproveito para informar, solenemente, para a tristeza, por certo, de muitos próximos, que nunca mais aceitarei (como aliás o fiz durante os últimos muitos anos do presdente Dos Santos) cargos que afinal só servem para ficarmos calados, quando não para tecer loas "à chefia" (onde está o fim do bajulação?), mesmo perante irregularidades tão evidentes, que frenam a consolidação da pretendida estabilização política, económica, social e cultural do nosso país. Como referiu Jesus Cristo, “Nem só do pão viverá o homem”.
Males que vêm por bem, assim, só pessoas de má vontade poderão afirmar que não quiz colaborar com o novo Presidente, quando as minhas ideias eram bem conhecidas. E só gente maldosa continuará a conclamar que me vendi por uma tijela “de lentilhas”.
Mas o meu coração continua aberto, sem qualquer tipo de mágoa, para com o camarada João Lorenço que conheço (não tão parecido com o actual Presidente da República) e para todos os outros actores políticos e sociais, dentro de uma verdadeira agenda de aprofundamento da nossa reconciliação nacional, a todos os níveis.
Por causa do Incidente no Cafunfo, das notáveis declarações que, a propósito do dito, Susete Antão expendeu no programa Política no Feminino, emitido pela Televisão Pública de Angola (TPA) no dia 6 de Fevereiro de 2021, e das ainda mais notáveis reacções às ditas opiniões.
Mas vamos aos factos primeiro, depois aos meu comentários.
Suzete Antão é a branca à esquerda da apresentadora, que se volta para ela no minuto 1:29:56.
As demais são mestiças, todas, incluindo a mais escura.
O programa foi para o ar no sábado, e na segunda-feira Graça Campos, também mestiço, publicou dois artigos no Correio Angolense, que transcreverei.
Trabalho inacabado
Graça Campos • Correio Angolense • Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 2021 • Original
A nossa meio compatriota Susete Antão, a quem o MPLA incumbiu de classificar os angolanos por percentagens, não completou o frete.
No raciocínio que defendeu sexta-feira no Política no Feminino, Susete Antão deixou claro que o líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, não é 100% angolano porque também é titular de nacionalidade portuguesa – é público que o homem já renunciou à nacionalidade lusa.
Ela própria também meia angolana, já que metade da costela é portuguesa, Susete Antão não explicou em que percentagem os mestiços, descendentes directos de brancos portugueses e outros, são angolanos.
Para a completa clarificação do assunto, faz-se urgente que a nossa meia compatriota, que anda fugida de Portugal, explique em que percentagem auxiliares do Titular do Poder Executivo como Carolina Cerqueira (ministra de Estado para os Assuntos Sociais), Francisco Queirós (ministro da Justiça e dos Direitos Humanos), Marcy Lopes (ministro da Administração e Reforma do Estado), Luísa Grilo (ministra da Educação), Teresa Dias (ministra da Administração Pública, Emprego e Segurança Social), Diamantino de Azevedo (ministro dos Recursos Minerais e Petróleos), Manuel Tavares (ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território) são angolanos e portugueses. O mesmo é extensivo para os oficiais generais das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional.
De acordo com os critérios da meia compatriota, os únicos casos que não se prestam a dúvidas serão os dos ministros da Energia e Águas e do Comércio e Indústria. João Baptista Borges e Victor Fernandes têm dupla nacionalidade: lusa e angolana. Portanto, são metade aqui e metade lá.
Como o Bureau Político bem diz no seu comunicado, “queremos” saber quem são os “cidadãos estrangeiros” que, “sem escrúpulos executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos”.
Para a plena divisão de águas, é preciso que Susete Antão e quem a industriou terminem o que (mal) começaram.
Os cidadãos precisam de ter certezas sobre os seus governantes. Precisam de saber em quê percentagem ministro tal é 100% angolano, ministro y é 53% português, e ministro x é 25% zairense, etc. etc.
Quando demanda um serviço público, o cidadão tem de saber por quem será atendido. Se por um igual, um meio angolano, um maioritariamente português e por aí adiante. Para facilitar a tarefa, é melhor que a sem hora Susete Antão comece já a providenciar adesivos e pulseiras que classifiquem os angolanos por percentagem da sua originalidade.
《Meio angolanos》– a última criação do MPLA
A nova categoria de cidadãos, uma “homenagem” a ADC, prova que o líder da UNITA está a ser uma incômoda pedra no sapato dos “camaradas”
Graça Campos • Correio Angolense • Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 2021 • Original
Em 1975, quando “desembarcou” nas cidades, que muitos dos seus membros desconheciam por completo, o MPLA trouxe um discurso inovador. Em oposição aos seus dois inimigos, UNITA e FNLA, que eram movimentos de matriz tribalista e racista, o regionalismo e por aí adiante. Marido de uma branca portuguesa e pai de filhos mestiços, Agostinho Neto liderou a luta contra o que então eram consideradas taras do colonialismo. Em várias oportunidades, Neto citou o seu próprio caso pessoal para justificar a sua rejeição ao racismo e outros comportamentos indecentes.
Quem já cá andava naqueles tempos, há de lembrar-se que todos os comícios do MPLA terminavam, invariavelmente, com um exaltado ABAIXO O IMPERIALISMO! E terminavam com ruidosos e inflamados ABAIXO O RACISMO, ABAIXO O TRIBALISMO e ABAIXO O REGIONALISMO!
Com José Eduardo, que desposou em primeiras núpcias a caucasiana Tatiana Kukanova, o MPLA manteve o discurso antirracista, antitribalista e antirregionalista. Com actos concretos, José Eduardo dos Santos mostrou que também era avesso à xenofobia, irmã gémea do racismo. Ele teve no Governo, nas Forças Armadas e no seu próprio gabinete descendentes de estrangeiros, nomeadamente são-tomenses e cabo-verdianos. Assunção dos Anjos, descendente de são-tomenses, foi director do seu gabinete; Aldemiro da Conceição, descendente de são-tomense, foi quase tudo na Presidência de JES (assessor de imprensa, chefe do Gabinete de Quadros, etc., etc.); Licínio Tavares, descendente de são-tomenses, ficou à testa do Ministério dos Transportes durante “séculos”; João Baptista de Matos, descendente de cabo-verdianos, foi o mais notável cabo de guerra de Angola e foi sob o seu comando que as FAA partiram a espinha dorsal da UNITA, quando lhe tomaram as praças principais, Bailundo e Andulo, nomeadamente; Francisco Furtado, descendente de cabo-verdianos, foi CEMG das FAA; António Furtado, descendente de cabo-verdianos, foi governador do Banco Nacional de Angola; Ângelo da Veiga, descendente de cabo-verdianos, foi ministro do Interior.
A falta de soluções para as carentes carências das populações tem vindo, a introduzir, lentamente, no léxico político angolano conceitos e expressões prenunciadores do desabamento de todo o edifício antirracista, antitribalista, antirregionalista e antixenófobo que o MPLA se esforçou, e muito, por construir ao longo dos anos.
O discurso pró-racista e pró-xenófobo foi inicialmente introduzido nas redes sociais por presumíveis militantes do MPLA e tinha um alvo concreto: o actual presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior.
Mas aquilo que parecia ser apenas linguagem de roqueiros desesperados, de pessoas fanatizadas, foi ganhando “status” e na sexta-feira passada foi oficialmente absorvida pela direção do MPLA.
Ao mencionar, no seu comunicado, “líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros”, o MPLA subscreveu publicamente o discurso xenófobo.
Depois de, basicamente, haver fracassado, de modo clamoroso, em todos compromissos que assumiu com os angolanos, vemos, agora, rendido ao discurso soez e rasteiro da xenofobia.
Depois de, basicamente, haver fracassado, de modo clamoroso, em todos compromissos que assumiu com os angolanos, vemos, agora, rendido ao discurso soez e rasteiro da xenofobia.
Encorajado pelo comunicado do BP do MPLA daquela mesma sexta-feira, uma estreante do programa Política no Feminino, da Televisão Pública de Angola, permitiu-se criar uma nova categoria de angolanos: meio angolanos. E ilustrou o conceito com o líder da UNITA, que, na opinião dessa iluminada, não é 100% angolano.
De acordo com a criadora do novo conceito, Adalberto da Costa Júnior não é 100% angolano porque também foi detentor de cidadania lusa. Sintomaticamente, a “inventora” do conceito de meio angolano é ela própria também uma meia angolana, pois, embora tenha nascido em Angola, viveu e cresceu em Portugal, de onde só fugiu por causa de um cabeludo processo judicial que tem à perna.
Na sexta-feira, tivemos na TPA um exemplo concreto do roto que aponta o dedo ao esfarrapado. Uma cidadã de tez branca, descendente de portugueses, a negar a Adalberto Costa Jr. a condição de ser integralmente angolano!
A adesão do MPLA a esse discurso xenófobo significa que ele procura, ingloriamente, que todos os angolanos cerrem fileiras contra o líder da UNITA. O MPLA procura que todos os angolanos transfiram para Adalberto da Costa Jr. o mesmo ódio, a mesma raiva, o mesmo desprezo que tinham de e por Jonas Savimbi.
Esse é um exercício inglório: Savimbi era odiado porque era o líder de uma guerra que não poupava ninguém; Savimbi foi odiado porque semeou a dor e o luto em muitas famílias angolanas; Jonas Savimbi foi execrado porque praticou ou mandou prática actos demoníacos. É de todo impossível transferir para Adalberto Costa Jr. as “virtudes” que fizeram de Savimbi um verdadeiro monstro.
Os jovens angolanos que hoje estão na faixa etária dos 20 e 30 anos – e que representam cerca de metade de eleitores – não identificam Adalberto Costa Jr. com a guerra; nunca o viram fardado e com arma a tiracolo.
A juventude hoje não vê em AC Jr. o “líder sem escrúpulos”, que “executa uma agenda política contrária aos interesses Angola e dos angolanos”.
Os jovens hoje vêm Adalberto da Costa Jr. alguém que tem um discurso contrário às tergiversações e lugares comuns do MPLA. Um discurso oco e sem consequências.
Nesta altura do campeonato um discurso vindo do MPLA que “exorta aos seus militantes, simpatizantes e amigos do Partido, aos angolanos de Cabinda ao Cunene, a defenderem a unidade e reconciliação nacional e a se manterem confiantes nas medidas que o Executivo angolano liderado pelo Camarada Presidente João Lourenço vem tomando em prol do desenvolvimento político, económico e social do país” comove quem?
Quem neste momento toma a peito a ladainha do MPLA de que “Queremos uma Angola onde impere um verdadeiro Estado Democrático de Direito, onde prevaleça o primado da lei, onde se respeitem as instituições do Estado, onde se respeitem os símbolos nacionais e os mais nobres valores da cultura e da história do país”?
Como diz a Lei de Murfy, com o MPLA “Nada está tão mau que não possa piorar”.
A assunção do discurso xenófobo é a prova de que a casa desabou.
Como sempre reclamou para si a condição de “força dirigente da Nação”, o MPLA não pode levar a mal que os angolanos lhe sigam o exemplo e queiram identificar, entre os governantes, quem, afinal, “são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos”.
É lícito incluir entre os “estrangeiros sem escrúpulos”, por terem dupla nacionalidade, os ministros da Energia e Águas e do Comércio e Indústria? À luz dos novos conceitos, como devemos olhar para João Baptista Borges e Victor Fernandes?
É preciso clarificar discurso. O MPLA, que, empurrado pelo desespero, agora subscreve discursos que antes abominava, que abra o jogo.
O “meio angolano” pode ou não ser governante neste país? Quem não é 100% angolano, fugida da justiça, pode ir à televisão pública dizer quem é mais ou menos angolano?
É preciso clarificar discurso. O MPLA, que, empurrado pelo desespero, subescreve, agora, discursos que antes abominava, que abra o jogo.
O “meio angolano” pode ou não ser governante neste país? Quem não é 100% angolano, fugida da justiça, pode ir à televisão pública dizer quem é mais ou menos angolano?
E, por fim, porque razão o MPLA se tornou tão mau a fazer um comunicado e a fazer leituras sobre a situação do país?
Em definitivo, o MPLA dos ladrões que afundaram este país, foi substituído por um MPLA medíocre do ponto de vista intelectual.
Qualquer tolice e disparate vai parar aos seus comunicados e qualquer arrivista e oportunista é cooptada para falar por si.
Naquele secretariado do Bureau Político está reunida a “nata” da fraqueza intelectual.
MPLA, quem te viu e quem te vê…
Imbróglios angolanos: Quem é que é angolano afinal?
Em 1957, tinha eu dez anos e frequentava o primeiro ano do liceu, no Salvador Correia, em Luanda, tinha Mocidade Portuguesa aos sábados à tarde, na parada do liceu.
A parada do liceu era por trás do ginásio, do lado do Rádio Clube de Angola, do lado da Rua do Dr. Luiz Carriço, actualmente Rua Salvador Allende, e, como a Mocidade era na época, obrigatória, lá ia eu para a Mocidade marchar.
Marchar, fazer ordem unida.
Esquerda, volver, direita volver, marcar passo, em frente marche!
Um, dois, esquerdo, direito.
Um, dois, esquerdo, direito.
E quem dava as ordens?
O Comandante de Falange.
E o Comandante de Falange era branco?
Não, era mestiço.
E como se chamava o Comandante de Falange?
Henrique Teles Carreira (1933-2000), mais conhecido por Iko Carreira.
Mas já me despistei, não era disto que eu queria falar!
Eu queria falar do imbróglio do Quem é que é angolano afinal?
Um preto do mato, que nem fala nem entende o portugês, é angolano?
E se não for do mato, for da cidade, mas não falar nem entender o português?
E se, sendo do mato ou da cidade, falar e entender o português?
E se for um mucancala, o povo a quem os pretos roubaram a terra?
E se for um mestiço?
E se for um cabeça-de-pungo?
E se for um macópio, ou um xicoronho?
O que é preocupante no discurso da branca de segunda Susete Antão, discurso que Graça Campos afirma ter sido encomendado pelo Bureau Político do MPLA-Lourenço-Bornito, é a Carcamanização de Angola, o Discurso Racista que caracterizou as Colonizações Holandesa, Britânica e Alemã, em África e não só.
E é preocupante porque, mostra-o a história, após a palavra vem a acção.
Hillary Clinton, the main contender for the position of US presidential candidate from the Democratic Party, made a keynote speech on foreign policy. Her rival, Donald Trump, has demonstrated that she adheres to the neoconservative ideology of American exceptionalism. Much of Clinton's speech was devoted to deliberately criticizing Donald Trump and praising herself. But she chose to remain silent on the most important issues.
Anti-Trump Criticism
Clinton strongly criticized the foreign policy positions of Donald Trump. Recall that on 27th April, Donald Trump, speaking at the Center for National Interests, demonstrated his support for foreign policy realism and understanding the United States not as a global hegemon, but as a nation-state, which decides together with other great powers how to tackle the problems of mankind. From the point of view of Clinton, this approach weakens the US. Nevertheless, Clinton, instead of elaborately criticizing Trump’s foreign policy, decided to play on emotions. In particular, she referenced Trump expressive and provocative rhetoric. In fact, rather than offering an alternative to Trump’s foreign policy program, Hillary spent most of her time emotionally “proving” the incompetence of her opponent in the sphere of foreign policy, and the justification of her actions as Secretary of State.
In order to attack Trump she deliberately presented his statements out of context. At the same time, most of them were taken from lots of places, but not the multi-billionaire’s speech at the Center for National Interests. Clinton managed to accuse Trump of two incongruous sins: possible US involvement in a nuclear war and in support of the countries and regimes hostile to the US (Russia, China, North Korea), and a lax approach to these "enemies of the United States." Also, the former Secretary of State criticized Trump for his attitude towards immigrants (Muslims and Mexicans).
What Clinton did not dare to say
However, Clinton has demonstrated that she cannot attack a number of important provisions of these Trump’s foreign policy, because she has simply no argument:
The idea of Trump to replace “randomness with purpose, ideology with strategy, and chaos with peace”. In fact, Trump stated that Obama, Clinton, and Kerry’s failed foreign policy is based on the ideological approach, and proposed a realist approach instead of the fallen liberal one. Clinton's approach is namely ideological, but she tries not to overemphasize this fact - that this policy is becoming unpopular.
Clinton will not touch Trump’s anti-globalization theme, as it is dangerous for her. Recall, speaking at the Center for the national interests, he said: We will no longer surrender this country or its people to the false song of globalism. The nation-state remains the true foundation for happiness and harmony.
In fact, Clinton is silent on this thesis, because to offer an alternative would be to openly declare herself as a non-supporter of US’ interests as a nation-state, but a supporter of the interests of the global transnational elite.
Clinton did not answer the questions that justify the position of Trump on NATO and interventionism: why does the US intervene in a conflict where the interests of the US as a nation-state are not obvious? What does NATO do for ordinary Americans? Why isn’t NATO fighting terrorism and migration, which is a real threat, unlike the mythical Russian aggression? Why does the US still need this structure today? If Europe also need sit - the Europeans should pay for it, and if they do not pay, why does the United States maintain its existence?
Clinton overlooked the key to the future of the United States and the world - the issue of reformatting the international economy through the mechanisms of the Trans-Atlantic and Trans-Pacific Partnership. Trump reasonably notices that the furthering of this policy promotes free trade and the deindustrialization of the US, leading to deterioration of ordinary Americans. It is in the interests of American multinational corporations that, through new markets, cheap labor, and newly created legal mechanisms to promote their interests, contrary to the sovereignty of nation-states, will minimize costs and maximize profits by entering other countries. But this same policy is contrary to the interests of ordinary Americans as it contributes to the displacement of industries to other countries and thereby increases unemployment and facilitates the flow of migrants, who occupy the remaining jobs in America.
Conclusion: Clinton has nothing to fend off Trump’s arguments against the creation of the Trans-Atlantic and Trans-Pacific Partnership.
Clinton does not dare criticize the revolutionary Donald Trump's refusal to use power to impose Western values as universal ones and his criticism of the policy of liberal interventionism
Instead of trying to spread universal values that not everybody shares or wants, we should understand that strengthening and promoting Western civilization and its accomplishments will do more to inspire positive reforms around the world than military interventions.
At the same time speaking about her foreign policy experience, Hillary forgets to mention that it includes the war in Libya, which Obama admitted to be a mistake, the subsequent murder of American diplomats who "knew too much" in Benghazi, the organization of the "Arab Spring" with Qatar, and the subsequent growth of Islamic extremism around the world.
According to Brzezinski patterns
The main idea of Clinton’s foreign policy speech: US must retain the status of global hegemon - it is "an exceptional country, a hope for humanity." In this case, the two main opponents are declared, Russia and China. Hillary intends to wage an uncompromising struggle against them. Clinton said that if the United States gives up its role as a global leader, the world would be plunged into chaos. Interestingly, that is exactly the same argument and definition of US adversaries contained in an April article by Zbigniew Brzezinski entitled “Global Realignment”, published in The American Interest. Brzezinski has always supported the Democrats, and in the case of Clinton, his choice is clear. Thus, in addition to the neocons, Clinton decided to rely on the ideas of an old odious Russophobe liberal hawk.